segunda-feira, 18 de junho de 2012

Costumavam montar arraiais nos largos das feiras, que deixaram de ter feiras porque se calçaram com calçada portuguesa e se relvaram os canteiros. Cães de pedigree à trela, passeiam agora junto dos donos de saquinho na mão que escapam à surpresa dos disparos dos pivôs de rega automática no lugar onde antes a nortada levantava a poeira do recinto onde se espetavam as estacas. Os espectáculos populares mudaram a logística e o conceito, a herança estética neo realista “Feliniana” envergonha hoje os responsáveis autárquicos. O feitiço virou-se contra o feiticeiro, foi o Poço da morte que morreu, o Circo moribundo foi montar a tenda para longe e a Praça de Touros que se armava e desarmava conforme a época, foi parar á beira de uma estrada algures numa terra de ninguém. Foi tudo armar barraca para longe daqui, longe das autarquias, longe das gentes e do largo da feira da terra onde se armava antes.

5 comentários:

Filipe LF disse...

Grande Mestre Catarino,
Além das pérolas desenhadas ofereces belos nacos de prosa...
Partilho o teu lamento, "a herança estética neo realista “Feliniana” envergonha hoje os responsáveis autárquicos", mas pelo andar da carruagem, natural ou forçosamente ainda viveremos uma estética neo-Feliniana, ou neo-neo-realista, muito proximeamente, não te parece?
Abraço

João Catarino disse...

Pois é Filipe, talvez seja a era do pós-neorealismo.
Abraço

PeF disse...

Mas já terminou o neo-feio..?

João Catarino disse...

O Neo - feio ainda mal começou, dá-lhe tempo primeiro estranha-se depois...logo se vê

José Louro disse...

Os meus amigos são tão inteligentes!!! Olhem-me a qualidade destes comentários! Dava para outro blog:)