segunda-feira, 29 de março de 2010
Há cerca de um ano atrás anunciava-se a saída de um novo Jornal diário, estranhamente havia ainda um país na Europa, curiosamente aquele que menos lê jornais, que arriscava num novo matutino. Ainda o nome não estava divulgado e já havia trabalho para os Portugueses que tinham sido vistos nos "UrbanSketchers". Calhou-me registar o Bairro Alto durante 5 dias ou 5 noites pelo mesmo prisma sem sair do lugar. Este caderno (encadernação da papelaria da moda, papel cavalinho,formato A5) foi comprado especialmente para o efeito. A reportagem para dupla página não chegou às bancas, mas chega agora ao Blog. Serviu para isso mesmo, tal como depois o passeio "pelos caminhos da água em Carcavelos", serviram para verdadeiramente avaliar a experiência do que é estar, e do que é apenas passar. Dar um pouco da nossa disponibilidade para ESTARMOS nos lugares por onde passamos sempre e parar e VER o que ali sempre esteve e nunca vimos.
terça-feira, 23 de março de 2010
14h45
Naquela mesma esquina à hora que o sol invade o Bairro, nada se parece passar.
Os contornos, as cores e os contrastes são de tal maneira diferentes que aquele lugar não parece ser o mesmo.
Mas os elementos estão lá todos, o furgão deve residir ali, as paredes, os graffitis,
e as varandas são as mesmas, o estendal é que mudou.
Agora terá sido a Dona Conceição a fazer uma máquina de roupa!
De repente, toda a calma é bruscamente perturbada, caem pombos em vôo picado, passa alguém que discretamente leva a mão ao bolso e espalha um resto da cesta
do pão do almoço pelo chão.
Eventualmente terá sido o acontecimento do dia, naquela esquina naquela hora.
Naquela mesma esquina à hora que o sol invade o Bairro, nada se parece passar.
Os contornos, as cores e os contrastes são de tal maneira diferentes que aquele lugar não parece ser o mesmo.
Mas os elementos estão lá todos, o furgão deve residir ali, as paredes, os graffitis,
e as varandas são as mesmas, o estendal é que mudou.
Agora terá sido a Dona Conceição a fazer uma máquina de roupa!
De repente, toda a calma é bruscamente perturbada, caem pombos em vôo picado, passa alguém que discretamente leva a mão ao bolso e espalha um resto da cesta
do pão do almoço pelo chão.
Eventualmente terá sido o acontecimento do dia, naquela esquina naquela hora.
segunda-feira, 22 de março de 2010
19h45
À hora do desenho, o sol no Bairro já vai baixo, mal conseguia penetrar nas ruas.
Aquela esquina estava já à sombra, os olhos fixaram-se num ultimo recorte de luz que restava ao fundo da rua, sinal de que o Bairro está prestes a mudar de pele.
Aos residentes fecha-se o pequeno comércio, aos de fora abrem-se os bares.
Enquanto isso o canito ali residente ocupa o seu lugar na nesga de sol que resta, junto
à parede “grafitada” e curiosamente deita-se por baixo de um “tag”.
Loser!
À hora do desenho, o sol no Bairro já vai baixo, mal conseguia penetrar nas ruas.
Aquela esquina estava já à sombra, os olhos fixaram-se num ultimo recorte de luz que restava ao fundo da rua, sinal de que o Bairro está prestes a mudar de pele.
Aos residentes fecha-se o pequeno comércio, aos de fora abrem-se os bares.
Enquanto isso o canito ali residente ocupa o seu lugar na nesga de sol que resta, junto
à parede “grafitada” e curiosamente deita-se por baixo de um “tag”.
Loser!
02h00
É no pico da diversão quando os ânimos estão mais quentes e a noite ainda tanto promete que naquela esquina se fecham as portas dos bares.
No tempo de um desenho as pessoas deixam o cruzamento, descem a rua em mira de novas paragens. Mas há sempre quem fique aqui e acolá terminando conversas, curando bebedeiras, ou prolongando namoros.
É no pico da diversão quando os ânimos estão mais quentes e a noite ainda tanto promete que naquela esquina se fecham as portas dos bares.
No tempo de um desenho as pessoas deixam o cruzamento, descem a rua em mira de novas paragens. Mas há sempre quem fique aqui e acolá terminando conversas, curando bebedeiras, ou prolongando namoros.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Cerca de meia centena de pessoas, carcavelenses, ex carcavelenses, curiosos vindos de outras paragens alguns também armados de caderninhos para desenhos de caminho, como o Eduardo e o Filipe invadiram o pátio de uma das casa populares centenárias na Rebelva.
O pátio já foi também eira, assenta sobre uma única laje natural onde se foram acomodando as pessoas para a primeira lição.
Os caminhos da água começavam ali, a laje sólida que servia de palco à palestra, fora durante séculos polida e trabalhada pela erosão provocada pelos agentes naturais. Daí até à praia a água foi encontrando os seus caminhos, por aí conseguimos reconstituir um pouco do que terão sido os primeiros núcleos urbanos. Da morfologia à geologia, às cores da terra do barro e da pedra, das vinhas ao generoso vinho de Carcavelos, das velhas quintas de regalo aos empreendimentos Salvação Barreto e à floresta de betão que lhes seguiu, daí foi um passinho, até que as vias rápidas cortassem a toda a velocidade as quintas aos pedaços, tudo ou quase tudo também neste pequeno pedaço de história que foi a minha geração e o tempo em que aqui vivo.
O pátio já foi também eira, assenta sobre uma única laje natural onde se foram acomodando as pessoas para a primeira lição.
Os caminhos da água começavam ali, a laje sólida que servia de palco à palestra, fora durante séculos polida e trabalhada pela erosão provocada pelos agentes naturais. Daí até à praia a água foi encontrando os seus caminhos, por aí conseguimos reconstituir um pouco do que terão sido os primeiros núcleos urbanos. Da morfologia à geologia, às cores da terra do barro e da pedra, das vinhas ao generoso vinho de Carcavelos, das velhas quintas de regalo aos empreendimentos Salvação Barreto e à floresta de betão que lhes seguiu, daí foi um passinho, até que as vias rápidas cortassem a toda a velocidade as quintas aos pedaços, tudo ou quase tudo também neste pequeno pedaço de história que foi a minha geração e o tempo em que aqui vivo.
domingo, 14 de março de 2010
A Quinta da Alagoa é hoje um espaço verde muito bem cuidado, o melhor de Carcavelos e talvez um dos melhores da linha, é aqui que, seguindo os caminhos da água ela se espraiou numa bela lagoa com gansos, cisnes, patos e tartarugas. Mas esta Quinta é também hoje um espaço asfixiado, cercado por uma muralha de prédios incaracterísticos construídos no início dos anos 80. É fácil passar por Carcavelos sem se dar com ela, escondida nas traseiras de tudo, do quartel dos bombeiros, dos prédios virados a nascente, a poente a norte e a sul.
Vá lá que esta não desapareceu com tantas outras quintas de Carcavelos, mas passou de Quinta a quintalinho.
Vá lá que esta não desapareceu com tantas outras quintas de Carcavelos, mas passou de Quinta a quintalinho.
segunda-feira, 8 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
A comitiva presta uma vénia ao velho pereiro.
"A caminhada vai passar junto ao mercado para nos encontrarmos com outra memória viva. Numa pequena passagem entre o mercado e os prédios há uma árvore, um pereiro, notável que, quando eu vim para Carcavelos, há 42 anos, já lá estava e tinha um porte não muito diferente do que tem hoje. Faz poucos anos que sofreu uma poda forte que o remoçou.
Cada ano lhe admiro as flores, logo seguidas das folhas novas e dos frutos. Ao princípio caem muito, e poucos chegam a amadurecer.
É duma variedade de frutos pequenos gostosos, um pouco ásperos mas perfumados, muito atreitos ao pedrado das pereiras. Creio ser uma variedade bem antiga. As folhas e a forma dos frutos fazem lembrar as da variedade piraster da pirus communis, uma planta espontânea em Portugal, conhecida por pereiro, pereira-brava, catapereiro e escambroeiro e tida como um dos progenitores de inúmeras variedades cultivadas."
Excerto escrito pelo Prof. Fernando Catarino, retirado do pequeno livro de cordel que serviu de guia do percurso.
"A caminhada vai passar junto ao mercado para nos encontrarmos com outra memória viva. Numa pequena passagem entre o mercado e os prédios há uma árvore, um pereiro, notável que, quando eu vim para Carcavelos, há 42 anos, já lá estava e tinha um porte não muito diferente do que tem hoje. Faz poucos anos que sofreu uma poda forte que o remoçou.
Cada ano lhe admiro as flores, logo seguidas das folhas novas e dos frutos. Ao princípio caem muito, e poucos chegam a amadurecer.
É duma variedade de frutos pequenos gostosos, um pouco ásperos mas perfumados, muito atreitos ao pedrado das pereiras. Creio ser uma variedade bem antiga. As folhas e a forma dos frutos fazem lembrar as da variedade piraster da pirus communis, uma planta espontânea em Portugal, conhecida por pereiro, pereira-brava, catapereiro e escambroeiro e tida como um dos progenitores de inúmeras variedades cultivadas."
Excerto escrito pelo Prof. Fernando Catarino, retirado do pequeno livro de cordel que serviu de guia do percurso.
terça-feira, 2 de março de 2010
Lamentavelmente vimos na Madeira o exemplo da devastação que os caminhos da àgua podem causar a uma ocupação indevida desses percursos. No ano passado o Professor Fernando Catarino (meu pai) conduziu uma caminhada sobre o tema "Carcavelos os caminhos da àgua".
Por estes percursos conseguimos reconstituir as primeiras estruturas urbanas, que sempre souberam lidar com as adversidades climatéricas até que a especulação imobiliária falasse mais alto.
Aqui na "Quinta Nova" mais tarde chamada "Quinta dos Ingleses" onde estes se instalaram para instalarem o cabo submarino, se fez a primeira ligação telefónica no país e se jogou pela primeira vez futebol no primeiro campo construído em Portuga para este fim.
Por estes percursos conseguimos reconstituir as primeiras estruturas urbanas, que sempre souberam lidar com as adversidades climatéricas até que a especulação imobiliária falasse mais alto.
Aqui na "Quinta Nova" mais tarde chamada "Quinta dos Ingleses" onde estes se instalaram para instalarem o cabo submarino, se fez a primeira ligação telefónica no país e se jogou pela primeira vez futebol no primeiro campo construído em Portuga para este fim.
segunda-feira, 1 de março de 2010
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