quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sá da Bandeira foi no tempo colonial a capital de uma região com muitas atracções turísticas. Hoje vêem-se ainda na cidade do Lubango todos os vestígios da veia mais cosmopolita da cidade, agora os tons pastel do fim do art deco construído durante a década de sessenta, desmaiados já desde então, estão hoje sem qualquer brilho no pigmento, mas é esse também o seu novo encanto. Como qualquer outra cidade turística da metrópole ali se vêem igualmente tabuletas de informação turística, com ilustrações ingénuas das atracções que se podem visitar nos arredores, assim como o grande centro poli desportivo onde à sua volta se disputavam as mais famosas corridas de automóveis de Angola e o ex libris cultural o ciné-teatro Arco-Íris, palco de todas as festas da sociedade pré descolonização. Mesmo nunca tendo vivido ali nesses tempos, era inevitável olhar estes lugares com alguma nostalgia.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A Sé catedral do Lubango mantêm-se com o peso e a imponência das obras feitas com essa pretensão durante o estado novo, a guerra passou por ali de raspão, sentimos ainda que a antiga cidade de Sá da Bandeira é um lugar aprazível, o clima temperado e embora bastante usada ainda assim a cidade está preservada.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Serra da Leba

Os cerca de 200 km que separam o Namibe do Lubango são feitos pela nacional 280, uma estrada agora de bom asfalto que inicialmente atravessa superfícies arenosas quase desérticas à cota do mar, até se aproximar da Serra da Leba onde pela sua influencia tudo se vai tornando mais verdejante e fresco. Aí iniciamos um dos percursos mais curtos, mas mais contrastantes e vertiginosos de todos os que fizemos em Angola. A Serra da Leba constitui um enorme degrau geográfico que divide aquela zona de África da influencia atlântica e da influencia continental. Em pouco mais de 20 Km passamos quase do nível do mar até mais de 2000 metros de altitude. Nas curvas que serpenteiam a subida vamos sentindo as mudanças climáticas, passamos pelas nuvens, pelas sombras frias, por cascatas cobertas de musgo, assim como pelas escarpas expostas ao calor tórrido, também por trovoadas e aguaceiros que na curva seguinte se dissipam na evaporação do asfalto ainda quente. Todo o cenário é já um filme, mas não havia espaço para parar e filmar. Saí do carro e subi alguma parte a pé entalado entre o esmagamento do rodado dos camiões que desciam a chiar dos travões e a vertigem das escarpas separadas pelos rails de protecção que pareciam não ter espaço na beira onde se agarrar. Numa curva uns quilómetros mais acima havia de estar o Câmera-men que com a lente me ia seguindo à distancia.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Rio Muninho, Angola

Entre Namibe e Lubango procuramos nas margens do Rio Muninho a correspondência possível às descrições dos relatos que Cabelo e Ivens tinham feito do mesmo lugar ou de um lugar próximo há 127 anos atrás. O carro ficou parado na beira da estrada e não muito longe dali corria este rio de água limpa e fresca, onde fiz o desenho que ia sendo interrompido entre as repetições dos takes e os ajustes do plano. O sol estava a pique o calor era abrasador, mas banhos só mesmo o dos salpicos, nestes lugares por mais bela que seja a paisagem os banhos nunca são tranquilos.