segunda-feira, 10 de setembro de 2012
As crianças que vivem hoje em contextos urbanos mais ou menos burgueses como a minha, são inevitavelmente encharcadas por brinquedos de todos os tipos e feitios que já nem sabem que têm. Arrumam-se enquanto houver cantos para arrumar, inventam-se marquises quartos especiais, improvisam-se gavetas e prateleiras que se empilham a caminho do tecto até se tropeçar num par de patins que rola na sala ou em canetas de feltro já secas que dão cor às assoalhadas.
No meio do entulho emerge um urso farrusco sem pilhas nem outros artifícios, o mais simples e clássico dos teddy bears, sempre sujo e malcheiroso, se fosse vivo questionaria se não teria mesmo sarna, mas é esse inexplicavelmente que há dois anos para cá, sem ele não dorme nem come, não sai de casa, não vê o canal panda e não sossega o coração.
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4 comentários:
Muitos aspectos jogam a favor da excelência deste desenho: a textura do pêlo, a fita cor de rosa e, a meu ver, acima de tudo, a posição em que se encontra o urso, entre o abandonado e o atento, como que a colocar em causa esse excesso de brinquedos.
Lindo desenho . Linda reflexão:)
És um poeta...
Brilhante!
Pedro Ferro , bem observado , melhor dito .Gostei do comentárrio.Adoro o desenho, venho com alguma regularidade.
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