segunda-feira, 20 de julho de 2015

São Pedro do Estoril

Entre São João onde acabam os Estoris e São Pedro onde eles começam, existe uma espécie de terra de ninguém. Uma recta incaracterística sem enseadas nem praias, onde ribeiras apressadas não fizeram vales e correm por terrenos rochosos caindo directamente para o mar. Entre o cá e o lá fica o forte conhecido por Salazar, um marco do princípio do fim do antigo regime. As flores das piteiras que nesta altura atingem o tamanho máximo, também anunciam o fim desta planta, onde aqui a exposição a sul proporciona exemplares desta espécie com um porte único, dando a entender que se dão melhor por cá do que no México, sua terra natal. É depois da Pedra do Sal que a geografia encontra as condições para a deposição de areias sobre os fundos rochosos, dispostos em forma de lajes, que parecem orientados geometricamente para que produzam ondas longas que podem ser surfadas durante muito tempo, desde “o bico” até à praia. Nos anos 70 nasceu nesta praia o primeiro clube de surf nacional e até que alguém reivindique o contrário, nos anos 50 foi surfada uma onda aqui pela primeira vez em Portugal, pelo amigo Pedro Martins Lima. Mas o que mais recentemente terá posto a praia de São Pedro no mapa, foi a esplanada, uma perfeita “passerelle” de belezas e vaidades que do nascer ao pôr do sol continuam a esperar pela sua vez.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Azarujinha

Próxima Estação... São João do Estoril. Assim continua a minha viagem, nesta direcção, no sentido contrário à rotina. Dizia o pensador Francês Marcel Proust que “A viagem da descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas em ver com novos olhos”. Nesta viagem nada é novo, tudo me é alias bastante familiar, as estações sucedem-se num alinhamento cada vez mais próximo de casa, só o facto te ir de comboio para a praia ganha sabor a adolescência, assim como o som do trim trim da única passagem de nível ainda existente junto à estação de São João. Aqui acabam os Estoris, dizia-se de forma trocista no início do séc.XX, Cascais – nobreza, Monte Estoril - grandeza, Estoril – grandela, São João – meia tigela! Ilustração de uma estratificação social que assim classificava a sucessiva ocupação e edificação dos terrenos para nascente. São João do Estoril foi ao longo do tempo sucessivamente retalhada, primeiro pelo Caminho de ferro que delimitou a fronteira entre alguma populacão rural residente a norte e as construções apalaçadas de veraneio a sul. Mais tarde com a construção da marginal que aqui bifurcou e separou o lado sul em retalhos, caminhos e becos sem saída. No caminho sinuoso para a praia passa-se pelo Santini com a menor fila à porta que se conhece, parece estar ali um pouco deslocado! Alguns metros à frente depois de virar a esquina sou tentado a entrar numa drogaria de bairro que pensava já não poder existir. Tudo ainda se vende naquele lugar fiel ao cheiro próprio das drogarias antigas, que nunca soube identificar ou saber a proveniência, provavelmente fruto da soma de todas as proveniências que estão expostas nas prateleiras, penduradas no tecto ou nas paredes. A porta abre directa para o tráfego de um dos sentidos da marginal, a drogaria Rodrigues é um exemplo ainda vivo do tempo em que estas ruas eram feitas a pé ou pelo menos a uma velocidade de passeio. A esta hora da manhã enquanto não se levanta a nortada e a briza vem do mar, quando se atravessa a segunda via da marginal já cheira às algas. Uns metros à frente antes de descer pelos sucessivos degraus de acesso à praia tem-se uma vista elevada sobre a transparência da água e do pequeno areal da Azarujinha. Talvez seja esta a mais mediterrânica praia urbana de Portugal, talvez a mais bonita praia da linha, talvez Proust tenha razão, viajar não tem a ver com a distância, a melhor maneira de ver com novos olhos talvez seja mesmo fazer um desenho.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Poça

Não podia saltar a Poça! Não estava no alinhamento das praias da linha para esta semana. Para não repetir a mesma estação seria suposto saltar do Tamariz para a Azarujinha. A Estação do Estoril é também a que melhor serve a praia da Poça situada a nascente no vale seguinte. Junto às antigas cocheiras do Tamariz, sobe-se pela antiga estrada anterior à marginal, que ligava os vales de Sto António e São João do Estoril. Sobranceira às arribas existe um chalet de veraneio em ruína dos princípios do séc.XX. Um letreiro anuncia em letras bem visíveis “propriedade privada, não está à venda" devia também dizer que está só à espera que caia. No enorme terreno circundante, bem de pé estão um conjunto de palmeiras quase centenárias que resistem ao escaravelho melhor que o Chalet aos proprietarios. Daí para a Poça é sempre a descer e estamos já em São João do Estoril junto do antigo edifício dos banhos onde hoje funciona provavelmente a cresce com melhores vistas de Portugal.

terça-feira, 14 de julho de 2015

A banhos no Estoril

Hoje o "tour" no comboio da linha levou-me a descer na estação do Estoril que para um estrangeiro soa melhor do que Sto António do Estoril. Lugar onde no início do séc.XX, muito poucas edificações existiam para além da Igreja de Sto António e de uma pequena estância termal de águas sulfurosas situada a nascente de uma praia menos abrigada numa baía sobre um vale com uma vasta extensão de pinheiros mansos. O Estoril foi projectado e planeado de raíz em função de um novo conceito de lazer para aqueles que gostavam e podiam ir "dar uma volta" (take a tour) ou seja fazer turismo, regalo ao alcance de uma burguesia abastada do princípio do século XX. A industria do turismo em Portugal começa assim aqui, num lugar de excelência entre Cascais e Lisboa, com um clima e uma situação geográfica perfeita, que podia ser estância de inverno ou de verão. Construiu-se o que tinha sido traçado, decretaram-se para o efeito incentivos fiscais espécie de “Golden Visa,” desse tempo, adoptaram-se miscelâneas de estilos e tiques arquitectónicos trazidos dos Alpes e das zonas costeiras italianas ou francesas revivalismos fantasiosos que misturaram estilos de castelos e palacetes germânicos com aquilo que se pensava ser uma arquitectura típica nacional. Tudo valeu num exercício de gosto eventualmente duvidoso, mas urgente para fazer com que o “tour” turístico europeu naquele tempo passa-se também por aqui, como afinal acabou por acontecer num período áureo em que a estação do Estoril chegou a ser o terminal do Sud Express. O turista hoje fui eu, que como outros confessa o prazer que tem no olhar romântico e nostálgico dessa arquitectura fingida de outros tempos de veraneio da nossa Reviera.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Monte Estoril

Tantos quilómetros quantas vezes para tão menos! Menos de 15 min depois de Carcavelos no sentido contrário ao da rotina desco no único apeadeiro da linha que ainda preserva algum encanto. A estação do Monte Estoril dá directamente para o paredão e o paredão directamente para a água. Sigo pela direita numa zona que já foi praia, agora artificializada por uma muralha de protecção do paredão que alargou. Chego à praia das Moitas, afinal não se chama praia da rata como é conhecida pelos surfistas, vai-se lá saber porquê? Uns metros adiante fica a piscina oceânica que tem pela frente o belo cenário do Palácio de Palmela e pelas costas o enorme monstro de metalo-marquises que parece estar na eminência de tombar sobre nós! O melhor é pôr os olhos no horizonte, esquecer o que vai para trás e gozar a nossa Reviera a 15min de casa e a 3.10€ (ida e volta).

domingo, 12 de julho de 2015

Praia da Rainha

CP o Comboio da Praia

A linha chama-se linha por causa do comboio da linha. O comboio da linha foi feito para servir as praias da linha. O começo da linha confunde-se com o começo dos hábitos de praia. Só recentemente é que a linha passou a servir os dormitórios e o sentido do trabalho. Hoje apanhei o comboio no sentido inverso o verdadeiro sentido, o sentido da praia. A praia da Rainha fica no centro da vila a 3 minutos da estação.