terça-feira, 17 de setembro de 2013

Custa a querer que tenha sido na sombra desta acácia que em 1884 se tenha rezado a 1ª Missa na fundação de Sá da Bandeira. Curiosamente foi nesse ano também que Capelo e Ivens por aqui passaram. Hoje a acácia continua a fazer a sombra aos fieis que frequentam a capela construida no tempo colonial como marco desse acontecimento. Ao lado existe um cemitério com essa mesma data de formação e ainda uma escola bem mais recente. Uma grande animação de crianças chega e trazem de casa às costas as cadeiras de plástico onde no interior da escola se vão sentar. Assim sabem que só cuidando bem delas é que se podem sentar.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

As cantinas são os postos de venda que vamos encontrando ao longo das estradas, não há nada que se coma com relativa segurança que não seja já embalado ou em conserva. São também postos de paragem para arrefecer os motores mas sobretudo postos de paragem no tempo. Nada nestes lugares parece ter sofrido alguma alteração fosse no tempo colonial, fosse durante a guerra ou agora depois dela. Mas essa, para além das marcas físicas cravadas nas paredes desbotadas deixou também o hábito controlador de que cada um que por ali passe, poderá ser também um precioso informador. Enquanto se reforçava o remendo que se improvisou na reparação do depósito de gasolina alguém durante muito tempo olhou desconfiado para o que estava a fazer. No fim, para tornar mais amigável o olhar tenso do controlador, mostrei que apenas fazia um desenho, dei-lhe o caderno para a mão, mas os seus olhos voaram pelas páginas desenhadas e apenas se fixaram demoradamente na ultima onde escrevo os nomes e as moradas dos lugares para onde vou.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

No regresso do Lubango, agora com Huambo como destino algumas surpresas nos esperavam. Tinha sido um improbabilidade imensa ter chegado com o pequeno Chevrolet inteiro ao Namibe, parte da viagem de regresso seria pela mesma picada. Há segunda seria sorte a mais. Um camião que tentava fazer uma manobra de inversão de marcha trancou a estrada impedindo completamente a passagem dos carros que se iam amontoando à espera que alguém resolvesse o assunto. Esse contratempo foi a nossa salvação, quando parámos vimos que uma pedra que ainda há pouco sentado no banco de trás, havia sentido rolar de baixo dos meus pés, tinha furado o depósito de gasolina. O desenho não foi obviamente feito nestes momentos de aflição, nestas alturas todos dão o seu palpite mais ou menos construtivo mas um desenho nesse momento certamente não cairia bem. Também dei os palpites da ordem ainda mastiguei uma pastilha elástica para colar debaixo do depósito mas que a gasolina dissolveu bem mais depressa do que eu apressadamente mastigava a segunda pastilha. Valeu-nos o Plácido o nosso camera men MacGyver que falou menos e agiu mais, inventou um fabuloso engenho em que primeiro cravou uma agulha e um alfinete de dama no pequeno buraco do depósito ao que juntou alguns materiais de higiene pessoal e primeiros socorros que tinha-mos à mão e conseguiu remendar o problema. Não tivesse o camião barrado o caminho ficaria-mos sem gasolina algures num não lugar como tantos que há em África. Nessa noite já chegamos tarde para jantar no Huambo, o remendo que seria um improviso para remediar alguns quilómetros tinha se revelado altamente fiável de tal modo que rolamos mais de 1200 quilómetros até chegar novamente a Luanda, onde com a maior cara de pau entregamos o carro ainda com o alfinete de dama cravado no depósito.