terça-feira, 30 de junho de 2009

Este é o desenho que abre a semana de campo alucinante, passada de 3 a 10 de Maio com o "Grupo do Risco" a desenhar compulsivamente no Parque Natural da Ria Formosa.
Com o sol a meio caminho, só o moinho de maré parecia marcar a fronteira entre o céu e a ria.
"Renaultis quatrum" são já raros os exemplares que restam de uma população outrora muito numerosa que se espalhava pelo país inteiro. Sendo uma espécie originária de França, foi em Portugal que se registou o nascimento do ultimo exemplar que conhecemos no mundo inteiro.
Pela sua versatilidade, desempenho, economia e fiabilidade, para além das qualidades todo terreno, os parques Naturais Portugueses adoptaram-no durante muitos anos como "animal para toda a obra"!
Na entrada da casa havia uma mesa corrida de madeira velha, onde se depositavam pequenos achados, que se alinhavam de forma arbitrária ao longo do tampo, criando composições espontâneas de coisas que nada tinham a ver umas com as outras.
Mais alguns objectos cadavéricos que dia a dia iam aparecendo na mesa de entrada.
Não fosse esta melga e o desenho teria ficado muito pobrezinho!
Depois de outro grande jantar, não me lembro qual o chefe responsável dessa noite, quando o corpo pedia descanso, vejo que todos se equipam com lanternas de elástico à cabeça.
Não podia ser, este grupo não tem juízo!
São 2h da manhã e querem apanhar rãs!
O certo é que também acabei por assistir à performance do Marco que entrava dentro dos charcos e com a rapidez, de um golpe que inveja o mais rápido dos felinos, apanhava rãs.
Trouxemos rãs para todos, ninguém se deitou antes das 4h da manhã para tentar captar alguns poucos momentos de quietude destes seres.
Cegonhas apanhadas pelo buraco da rede de vedação do Centro de Recuperação de Aves da Ria Formosa.
Era aqui de onde partiam e chegavam a toda hora os exploradores equipados com os caderninhos e alguns meios riscadores. Geralmente saíamos sozinhos ou em pequenos grupos que rapidamente se dispersavam nunca sabia-mos muito bem a que horas se regressava, dependia da "caça", mas havia a hora sagrada do jantar, sentar à mesa para apreciar a especialidade do dia, sempre da responsabilidade de "chefes" diferentes.
Teria sido pedir demais se os desenhos tivessem ficado tão bem quanto os jantares.
Ninguém no "Grupo do Risco" resistiu ao desenho da pose imóvel interminável deste cadáver de rã.
"Carcinus Maenas" nome pomposo para um caranguejo, este exemplar já de tom alaranjado que ganhou mesmo fora da panela com cosedura ao sol.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O perna longo andava ali em passos circulares no seu metro quadrado de território lacustre até que apareceu o cágado, no fim de tarde em contra luz no observatório de aves.
É no tempo de um desenho que os animais se aproximam! Já muitos passamos por esta frustração que é desenhar animais em movimento. O segredo está em deixarmos o nosso tempo e entrar num outro fuso horário. Há uma altura que são os animais perante a nossa permanência quieta e inofensiva, que se aproximam.
Ouvi uns barulhos vindo das ervas próximas, quando olhei vi este cágado curioso, vir ao meu encontro para ver o que eu estava ali a fazer.
Deixei imediatamente o desenho anterior e o modelo passou a ser o cágado.
Estava-mos a ficar frustrados, em terra de camaleões nem um para amostra! Foi preciso contratar um miúdo expert em detectar essa espécie para termos algum sucesso!
Ao fim de algumas horas de busca o miúdo gritou está aqui um! Corremos para o local, o rapaz teve o cuidado de não o apanhar até que todos o visse-mos ver no habitat.
Como era possível, o camaleão a menos de um metro num arbusto é praticamente invisível!
O movimento das marés no sapal é incrivelmente rápido, no tempo de um desenho a maré encheu!
O desdenho desta curiosa flor do sapal, valeu um excelente mergulho de cuecas na meia maré, cena altamente proibida na reserva natural, não as cuecas mas o mergulho.
Este cato foi mais um treino de comando do que uma prova de desenho.
Desenhado em pé à chapa do sol no dia mais quente de Junho. O suor escorria pelas costas e sentia o ardor do sal nos olhos, tentei não me mexer, suster a respiração para sentir o pincel firme e manter a concentração até ao fim.
Em miúdo tinha pavor de osgas, dizia a minha vizinha que tinha uma casinha para arrecadações para não irmos lá por causa das osgas serem "pessenhentas"!
Claro que isto fica obviamente gravado, e mesmo em adulto continuo a não conviver facilmente com elas.
Esta semana de campo fez-me bem, aproximei-me do bicho desenhei e até gostei!
Observatório de aves, onde as cobras procuram a sombra e as osgas se alimentam de insectos.
Pego do Inferno, lindo fora do verão.
Marco (Grupo do Risco) enquanto não apanha mais umas cobras de àgua desenha o Pego do Inferno.
Força da natureza, esta oliveira em Pedras del Rei terá eventualmente perto de 2000 anos.
E se ela visse?
E se falasse?
Provavelmente não acrescentaria muito ao que contasse apenas dos anos 60 para cá!
Quando se trinca uma alfarroba, a sensação aspera, borrachosa e levemente adocicada na língua, parece estar sempre associada ao calor infernal das serras algarvias, cheira também a figos que costuma sempre haver por perto, e ouvem-se as cigarras, se assim não for então alfarroba não sabe a nada!
Se olharmos para a frente do clássico Renault 16 não será muito diferente!
Terá o designer desse modelo em finais dos anos 60 se inspirado na "Uca tangeri"?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Riscar Lisboa

Aproveito este momento entre cadernos para abrir aqui e agora um parêntesis para anunciar que o ilustrador RICHARD CÂMARA e EU vamos dar continuidade ao Workshop de Diários Gráficos que fizemos no início de Setembro no CIEAM (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), mas agora organizado de forma autónoma, com o nome "A Riscar Lisboa".
Pretende-se de facto que os participantes quer saibam ou não desenhar que o arrisquem a fazer com Lisboa como grande cenário.
O workshop é feito sobre o suporte "diário gráfico" de forma orientada em termos temáticos e gráficos.
Os monitores orientarão os percursos que são previamente definidos de acordo com objectivos propostos.
O workshop destina-se a todo tipo de pessoas com alguma capacidade física para percorrer percursos pedestres e com vontade de ganhar algum tempo a olhar verdadeiramente para as coisas!

Mais informações consultar o Pdf em: http://richardcamara.blogspot.com

camara.richard@gmail.com

joaocata@gmail.com

terça-feira, 16 de junho de 2009

Provavelmente o ultimo Caderno Flecha de formato A4 da Papelaria Fernandes, adquirido em 2006 e mantido virgem
na prateleira até finais de 2008, revelou-se no entanto algo inadequado pelo seu mega formato no uso em transporte públicos congestionados, por outro lado foi um excelente convite para espalhar tinta livre e amplamente!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O ano lectivo que agora termina, abria assim, com este caderno XXL autêntico tormento de ser domado entre os passageiros dos comboios.

domingo, 14 de junho de 2009

Num mês em que a nossa costa recebe grandes ondelações este foi o dia da maior fletada alguma vez registada no alibábá ali mesmo ao lado da praia que recebe os mundiais de surf.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Para responder a algumas questões colocadas em postagens anteriores, como desenhar disfarçadamente no comboio?
Não sou mestre do disfarce mas pela experiência aconselho a:
Não usar formatos grandes como este duplo A4 que estou a postar, que me tem feito passar algumas situações comprometedoras.
Não desenhar a pessoa que está exactamente na frente.
Não começar pela cara das pessoas.
Desenhar assuntos /objectos ou zonas não identificáveis facilmente.
Estudem primeiro o tipo de personagens à vossa frente, há sempre pessoas do tipo vigilante e outras que olham sempre o infinito essas ultimas são mais distraídas!
Em geral as pessoas estão mais atentas ao começo do desenho, para saberem se é com eles, quando se apercebem que não e que o alvo é outro deixam de estar atentos, é aí que são caçados!
Arrisquem, às vezes este jogo é mais giro que o resultado dos desenhos.

domingo, 7 de junho de 2009

Esta sala do ar.co foi em tempos uma fábrica de produção de moldes, numa altura em que a cintura industrial da cidade começava ali.
Hoje é uma fábrica de produção massiva de desenhos!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Os desenhos no comboio são um teste às rotinas, sei que as pessoas mudam mas á partida quando me sento e olho parecem sempre iguais, só depois de desenhar é que vejo que não.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Começo a notar alguns sinais de que os gratuitos do dia já tiveram os seus dias!
Ainda assim continuam a absorver a maior percentagem de atenção, face à indiferença da maioria dos passageiros perante o azul que se estende ao comprido nas janelas do comboio da linha.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Os reflexos das garrafas (vazias) são sempre inspiração para bons desenhos dos alunos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Não, não são enforcados, são marionetas do Sri Lanka, que estão assim expostas no Museu da Marioneta.